quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SÉRIE SABER OUVIR II

"MAIS JUNTA MOSCAS MEL, DO QUE VINAGRE.”


“Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra doçura no conselho cordial.” (Provérbios 27:9)


Esta frase nunca saiu da minha cabeça, desde o momento em que um amigo falou para mim. Enos Domingues é uma daquelas pessoas serenas, observadoras que passei a admirar logo depois deste episódio. Pra quem me conheceu naquela época, a falta de maturidade era visível em meus procedimentos relacionais. “Chato de galocha” acho que era a palavra certa. Não tinha muitos amigos, nem sabia fazê-los. É claro tinha minha família que sempre nos compreende nestas horas, mas socialmente não era tão envolvido assim. Sempre atrapalhando no coro da igreja, ou mesmo divergindo sempre de tudo o que podia.


Saber ouvir, não era a minha especialidade, ou mesmo de ouvir conselhos, mas naquele dia essa frase fixou em minha mente e lentamente foi processando o seu significado em mim. Até então “amigo” para mim, era uma pessoa que firmava uma “amizade”, mesmo que superficial, e trocava algumas idéias, mas o conceito para mim mudou, ou mesmo, começou a mudar a partir daquele dia. É muito comum nós só acharmos que amigo é aquele que sempre está do nosso lado, nos dando a mão ou oferecendo alguns benefícios, mas ao contrário daquilo que eu imaginava, “saber ouvir” pode nos ajudar a identificar amigos mais próximos que que nós imaginamos.
Bem, creio que o Enos identificou por observação um ponto falho no meu procedimento e resolveu dizer em uma frase “criptografada”, pelo menos naquele instante, pois não havia entendido nada naquela hora: Kelner, mais junta moscas mel, do que vinagre! Pode crer, a ficha não caiu naquele momento, e eu nem imaginava o que aquela bomba de efeito retardado iria provocar em mim. Não foi diferente de Davi, quando o profeta Natã contou uma historinha (II Sam. 12:1-7) bem convincente, mas o amigo Natã fez a ficha dele cair na hora: Este homem és tu! Bem, no meu caso pouco a pouco fui refletindo: mel? Vinagre? Será que ele quis dizer que eu tenho sido vinagre...  Mel, com certeza não tenho sido. Pude enxergar a partir daí um grande universo de possibilidades que não tinha acesso por causa do meu temperamento, ignorância, imaturidade, etc. Apesar ainda da casca grossa a ser retirada, uma pequena incisão amiga já revelava uma grande possibilidade, a da mudança de comportamento. Não é uma coisa assim tão rápida, pelo menos não foi pra mim, mas tremendamente necessária pra que eu pudesse “crescer”. Parar para ouvir pode mudar a sua vida. Mesmo que não sejam palavras tão doces... ouça, medite, antes de falar qualquer coisa, este pode ser o momento da sua cura.


Como podem ver, graças a Deus, que usou um grande amigo, o Enos, eu posso usar isto para dizer a você que pode ter um amigo mais perto do que você pensa, e pode até ser quem você não imagina. Quando fui à Recife em 2007, a irmã do Enos me encontrou no ponto de ônibus, confesso não a conheci naquele momento, mas ela me conheceu, e já fazia 30 anos desde que eu o vira pela última vez. Pedi o telefone do Enos e ao chegar na casa da minha mãe, telefonei para ele, me identifiquei  e disse assim: Você está lembrado daquele dia em que me falou aquilo... ele não lembrava mais, mas eu sim, e assim pelo telefone agradeci a ele por ter me proporcionado um passo na minha maturidade.


E você, como tem se comportado diante de suas relações interpessoais, ou até mesmo em sua família. Você sabe ouvir? Sabe ficar em silêncio para digerir algo que talvez você não goste mas que aponta uma falha sua? Pode crer, talvez vá doer muito em você, mas isso pode mudar a tua vida para melhor. Está escrito:
“Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e de conselhos.” (Provérbios 8:12)


Pare e pense: nem todo o bom remédio vem com um delicioso sabor, as vezes ele é amargo! Deus te abençoe.


Pr. Kelner

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Série Saber ouvir


Conselhos que Mudaram a minha Vida
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Sempre fui desde a infância determinado a travar qualquer informação que pudesse contrariar a minha vontade. Ouvir conselhos, observações ou críticas, era uma tarefa dolorosa e intragável. Cansei de ouvir: “Quem não ouve conselhos, raramente acerta”. É claro que até você se conscientizar da intenção do conselho, é necessário uma maturidade que muitas vezes não está agregada naquele momento. A verdade é que a maturidade tardia nos impede de ouvir “verdades” e até de agüentar “inverdades” sem que uma resposta na ponta da língua não ponha tudo a perder. Encontrei uma passagem na Bíblia que pode representar muito bem o fato:


Provérbios 15:5 “O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão prudentemente se haverá.”


Ela se aplica a quem não dá a devida atenção à uma correção, ou conselho, chamando-o de tolo, em outras versões de insensato, e creio eu muito bem empregado. O sentido da palavra (utilizando o Strong) é que esta pessoa é idiota e louco, referindo-se ao desprezo do conselho,e também como néscio que despreza a sabedoria.
É claro que aqui não estou me referindo à família, mas à ações externas que contribuíram na transformação e maturidade do meu caráter. Este é apenas o primeiro artigo que vou escrever sobre o assunto, que trata o quanto uma palavra bem recebida pode interferir positivamente na área comportamental de um indivíduo, promovendo assim maturidade e crescimento. No decorrer deste trabalho vou me referir a pessoas que fizeram diferença em minha vida por palavras que me disseram. Quero esclarecer aqui a necessidade de aprendermos a ouvir mais e falar menos, a pensar naquilo que estamos recebendo, processando as informações como sábios, antes de divulgar algum juízo de valor, antes de falar sem pensar, como um insensato. Observe este versículo:


Eclesiastes 10:13 “As primeiras palavras da boca do tolo são estultícia, e as últimas, loucura perversa.” (Entenda-se estultícia como insensatez, falta de sabedoria)


Sempre quis dizer isto, que pessoas falaram para mim verdades não digeridas naquele momento, mas não foram desprezadas em seu conteúdo, e refletindo sobre elas, mudaram meu modo de pensar, agir e contribuíram no percurso da minha história.


No próximo artigo vou escrever sobre um grande amigo, Enos Domingues, e posteriormente colocarei outros.


Alguns dos nomes: (ainda tem mais)
  • Toquinho (amigo de longe, claro que ele não me conhece, mas em uma frase de sua música descreve uma grande verdade)
  • Pr. Edvar Gimenes. (Grande pastor e amigo por uma frase que me disse em resposta à um email)
  • Pr. Maurilio Mesquita (Meu Gamaliel)
  • Irmão Hélcio Dutra (Também um grande amigo)

Quero lembrar que a referência a algumas pessoas importantes aqui, não tiram o brilho dos amigos que tenho e não são menos importantes do que os que vou citar, mas serviram de base para desenvolver este trabalho.


Até a próxima!


Pr. Kelner Alcântara Queiroz

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

No epicentro da nossa realidade


Hoje estive conversando com o meu amigo Pr. Juarez, da Igreja Batista Ebenézer em Gravatá - PE,  sobre a dificuldade de encontrar vocacionados e pessoas dispostas a pagar o preço de servir a Deus, mesmo diante das facilidades de diversos cursos e seminários que temos hoje em nosso país. A diversidade de igrejas hoje tem confundido com doutrinas as mais diversas, muitas delas nos limítrofes do absurdo teológico, que sustentam uma não decessidade de uma vida de santidade ou um compromisso fiel à Palavra de Deus.Parece até que as pessoas não estão atras de um Deus que pode abençoar, mas somente das bênçãos que Ele pode usufruir se fizer parte desta ou aquela comunidade. Quando passeio aqui no Rio de Janeiro pelos bairros da cidade que moro, não sei se fico alegre ou surpreso em ver tantas denominações diversas e diferentes, e muitas delas uma ao lado da outra a poucos metros de distância, me lembro de uma aula que ministrei sobre administração eclesiástica, quando um aluno me perguntou:

-Pr. o que eu preciso para abrir uma igreja?
e eu respondi:
-Qual é a sua motivação para abrir uma igreja?

Hoje muitos não estão mais "plantando igrejas" mas estão "abrindo igrejas" Aqui não entro na motivação do aluno que me perguntou, mas em que os meus olhos estão vendo.Onde estão os vocacionados dispostos a pagar o preço de servir? Encontro pessoas que querem saber o "preço" do seu serviço, ou quanto aquilo vai lhe dar em retorno financeiro. A paixão pelas almas sumiu das celebrações, e estas se transformaram em uma grande prateleira de produtos espirituais à disposição daquele que estiver disposto a pagar por ela. Voce pode estar perguntando agora: "Mas, de que igreja está falando?". Aqui eu não estou "denominando" igreja, mas me refiro a um fato que tem contaminado diversas denominações, inclusive a minha. É algo contemporâneo e muito atual em nosso país.

Gostaria de ouvir mais uma vez: "Oh onde os obreiros a trabalhar, nos campos tão vastos a lourejar..." e ver jovens, adultos, adolescentes e crianças tocadas pelo clamor de evangelizar, independentemente do lugar a onde irão trabalhar, de ver pessoas menos interessadas em: "Quanto vou ganhar para estar lá?" mas ouvir: "Se não posso ir além da minha cidade, pelo menos a minha vizinhança irá ouvir a respeito do Senhor Jesus. e isto pra mim não tem preço"

Aqui, estou falando à igreja como um todo. São bilhões de vidas precisando ouvir a mensagem do evngelho do Senhor Jesus Cristo. O que você tem feito por elas? Isso mesmo, ai perto da tua casa, da tua igreja, do teu bairro... Em vez de abrir uma igreja nova, talvez seja melhor voce fazer algo pela sua igreja! Deixa Deus trabalhar em sua vida.

Pr. Kelner Alcântara Queiroz